terça-feira, 19 de outubro de 2010

9º dia de caminhada - Touros, mais vinho, Valderrama e um alemão paraguaio

16 de outubro
Acordei cedo, no albergue só tinha um alemão com cabelo de Valderrama (bunitu!) que falava Português e um catalão, que levantou junto comigo e saiu rapidamente. O alemão ficou e através dele descobri que o albergue deixava café da manhã à disposição. Trocando idéia, descobri que era formado em ciências políticas e tentava a carreira diplomática.
Aproveitei para perguntar sobre a imagem do Brasil e, principalmente, do presidente Lula na Europa. Ele só fez elogios, mas senti que, como estamos no meio de muitos países latinos com presidentes loucos, somos o diferencial, além do Lula ser carismático e ter feito um bom papel na economia!
Depois do papo com o Valderrama, segui o caminho, desta vez começava passando pela zona rural e sozinho. Passei por pessoas de diversas nacionalidades, bati um papo com um Búlgaro que mais parecia brasileiro e ele falou que havia outro brasileiro que saiu de Belorado junto conosco hoje. Me perguntou também se era verdade que no Sul do brasil, as pessoas se achavam melhores que todos, como os argentinos, pois uma brasiliense havia dito isso para ele. Imediatamente disse que era mentira e que o Brasil é como todos os países do mundo: tem pessoas boas e más em todas as regiões. Estive no Sul poucos dias antes de vir a Europa e as pessoas foram muito acolhedoras!
Segui caminhando mais rápido e parei em uma igreja antiga para fotos. Eis que um sujeito me parou e perguntou: "Brasileiro?"
Era uma mineiro chamado Fabiano, gente fina, saiu de Pamplona (cidade das touradas) no dia 9/10 e iria até Santiago também, caminhamos por um tempo juntos e ele conheceu boa parte das pessoas que também conheci no caminho, engraçado!
Caminhei com ele por um bom tempo até chegar a um bar. Como não queria comer nada, segui para acabar uma fonte de água e encher minha camel back. Daí por diante foi uma subida íngreme com várias outras intercaladas e corredores de bosques até chegar a San Juan de Ortega, onde havia um monastério para visitação e um bar. Visitei com calma, tirei várias fotos e depois fui comer um bocadillo (http://migre.me/1DetJ). O Fabiano foi por um lado e daí por diante segui sozinho, cercado de perto por 3 alemães. 


Por falar nisso, uma desses alemães foi intercambista do AFS no Paraguai e aprendeu sozinho o Português tocando música brasileira, gravei um vídeo dele cantando sertanejo universitário e postei no twitter, figuraca!(Chora, me liga... - desde Alemanha hasta mundo. kkkk)
Segui caminhando até chegar no albergue de Atapuerca, lá deixei as coisas, tomei banho e fiquei enrolando no quarto, por acaso dividi o quarto com o Fabiano e o catalão. O outro catalão que havia estado no mesmo albergue que eu no dia anterior me chamou para assistir Barca x Valencia pela liderança do espanhol (gooool!!).  Fomos os 4 assistir o jogo e, pra variar, nós brasileiros tínhamos que zoar quando o Valencia saiu na frente e nos lances duvidosos de arbitragem.
Sei que o resultado foi ter saído bêbado do bar, ter pago uma conta maior que o normal e ter atrasado a saída no dia seguinte!
Enfim fui dormir numa das noites mais frias até aqui!

Enviado via iPhone por @paulogottardi

Trilha sonora: Inezita Barroso - Marvada Pinga (http://migre.me/1DfMQ), Hino do Barça (http://migre.me/1DfTO), 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

8º dia de caminhada - Santo Domingo de La Calzada a Belorado

15 de outubro
Depois de um dia como o de ontem precisava de algo mais light, portanto caminhei por entre campos arados e plantações de girassóis mortas parando apenas uma vez para tomar um café com leite e reabastecer o meu camel back, até chegar a Belorado, que era previsto para o meu 10º dia.
Se fosse avançar, andaria pouco mais de 35 km, provavelmente, mas preferi me conter desta vez. Passei por um albergue maneiro, mas resolvi procurar o paroquial que estava logo a frente e também era movido por donativos. Duas senhoras suíças estavam cuidando do albegue e foram muito atenciosas comigo e com um catalão. Fomos os primeiros a chegar, depois de nós chegou apenas um alemão que falava Português.
Coloquei as coisas no quarto, tomei um banho, lavei as roupas e fui das uma volta na cidade, parando para comer 2 sandubas pequenos e uma taça de vinho.
Voltei para dormir um pouco no albergue e pretendia acordar para a missa, mas estava tão cansado que perdi a hora. Acordei mais de 20:00 e sai para comer algo, voltei às 22:00 em ponto e já estavam me esperando para fechar a porta!
Fui dormir!

Enviado via iPhone por @paulogottardi

7º dia de caminhada - Navarrete a Ciriñuela

14 de outubro
Hoje chego ao sétimo dia de caminhada e completarei mais de 25% do caminho! E, se o Português estiver certo, meu corpo começa a se adaptar e desinchar a partir de agora.
Acordei como sempre de noite, por volta das 6:30. Arrumei as coisas e sai como sempre por último. Normalmente eu saio agasalhado e vou tirando as roupas até caminhar de camisa, mas surpreendentemente hoje o frio foi aumentando, sai de camiseta, calça 2ª pele e bermuda, a calça segunda pele e a bermuda estavam úmidas ainda, mas rapidamente secam na caminhada. Com aproximadamente meia hora de caminhada, tive que tirar a camisa, colocar a 2ª de cima, luvas e jaqueta impermeável, que logo a frente eu tirei pois não é muito respirável.
Segui por longos caminhos, hora beirando rodovias, hora cortando campos cultivados ou arados da Rioja. Conheci Sul africanos que pareciam conversar em africâner, franceses que alegremente assobiavam pelo caminho desde o albergue, uma senhora italiana e pra variar muitos espanhóis, passando por Najera até chegar ao povoado de Azofra (Azofra), bem na hora do almoço, onde a maioria dos peregrinos iam ficar.
Antes de chegar a Azofra, na margem da estrada que beirava os vinhedos, tinha vinhas selvagens com uvas, resolvi pegar uma e sentei na estrada para comer, quando a italiana veio passando, resolvi dar a dica. Foi então que no italiano que não tenho, entendi ela dizer que era preciso lavar bem a uma pois os ramisters urinam e isso pode causar doenças, puts...  Chegando a Azofra, enquanto reabastecia o meu Camel Back, veio o momento da decisão: pelo guia parecia ter um pequeno povoado chamado Ciriñuela a quase 10,5 km que estaria no meu limite diário programado e depois disso, o próximo lugar seria Santo Domingo de La Calzada a mais usar 7 km.  Decidi seguir e o tempo dirá se minha decisão foi acertada ou equivocada, pois este foi o dia mais exaustaste da caminhada até agora. Depois de caminhar por horas sem ver uma alma viva sequer entre campos arados, cheguei em Azofra e o albergue estava fechado, a cidade mais parecia um condomínio novo com ótimas casas, piscina semi-olímpica e campo de golf que não foi vendido por causa do problema imobiliário que a Espanha enfrenta. Estava praticamente deserto, então não tive outra escolha senão seguir. Foi penoso... Depois de caminhar bastante, via a cidade no horizonte, minha bota direita resolveu irritar o tornozelo e eu depois de parar várias vezes para "puxar" a meia, resolvi parar, tirar a bota, colocar o tênis e carregar as botas numa mão e os bastões na outra. Minha velocidade diminuiu bastante e o stress aumentou, mas cheguei e isso é o mais importante.
Cheguei um pouquinho antes das 19:00 e, antes de chegar ao albergue, vi que tinha um museu sobre o caminho que fechava as 20:00. Corri e quando entrei no albergue dei de cara com o John dizendo, "wow, I did not think that you're gonna made it, but you made!". Pelo que me disse, também tentou dormir naquele povoado, mas não conseguiu. Falei que estava correndo pra ir ao museu, e ele disse que ia fazer uma "pequena cirurgia" numa bolha com a pessoa do albergue.
Por falar nisso, que albergue! O melhor estruturado até aqui e, melhor ainda: não cobram nada, pedem doações!
Voltando ao museu, foi interessante, mas mas voltado a quem nao é peregrino, pois até te davam uma credencial na entrada pra ir carimbando nas partes do museu. O legal foi ganhar uma túnica de Santiago para usar durante a visita.
Saí às 20:00 e corri mesmo sem tomar banho direto para a missa, que já havia começado, e em seguida, jantar às 21:00. Tudo foi muito corrido, até mesmo porque as portas do albergue se fechavam às 22:00 e às luzes eram desligadas as 22:30.
Mas consegui fazer e ainda usar a internet para twitar um pouco no museu e no restaurante que tinham wifi free.
O meu quarto tinha roncadores sinistros, mas depois de 8 dias já na me importava com eles. O que achei chato foi um mané no quarto que ficava fazendo um barulho esquisito para ver se chamava a atenção dos roncadores pros mesmos pararem de roncar. Vá entender! rs

Enviado via iPhone @paulogottardi

6º dia de caminhada - Torres Del Rio a Navarrete

13 de outubro
Acordei em Torres Del Rio por volta das 7:00, mas depois de arrumar as coisas e tomar um rápido café, consegui sair às 8:00.  Sai junto com o John e fomos seguindo as trilhas descendo as montanhas e, às vezes, atravessando estradas asfaltadas até começarem a aparecer os vinhedos entro os pequenos povoados. Sempre que achava um peregrino, perguntava se estava tudo bem em espanhol ou inglês e cheguei a oferecer a arnica para colocar na sola dos pés, que ganhei no dia que lavei os pratos do jantar no albergue paroquial.
Em alguns momentos o americano disparava na frente e em outro eu baixava o espirito do caboclo corredor e seguia puxando a caminhada à distância. 

Iríamos passar por uma grande cidade da região da Rioja que se chama Logroño, a chegada desta cidade era meio feia em uma alameda de casas mal cuidadas, mas no meio delas tinha uma senhora com uma banca que carimbava o passaporte dos peregrinos e recebia doações. O que me chamou mais atenção ali foi uma placa do caminho do Sol (de SP - http://migre.me/1CSQm) em frente a banca da senhora e quando eu olhava a placa ela me dizia com muito orgulho, "foi um regalo de un brasileño".
Bem, segui em frente desta vez ao lado do americano e ao chegar em Logroño percebi que as sinalizações do caminho vinham ficando cada vez mais escassas, mas isso só iria aumentar dai pra frente! (el Camiño)



Parei num posto de informações turísticas e perguntei onde ficava a Decatlon e vi que teria que sair um pouco do caminho no final da cidade!
Seguimos adiante, parei na catedral para conhecer e, sempre que posso, agradeço a Deus a oportunidade que tenho de estar bem fisicamente e conhecer estes lugares com minhas próprias pernas sem esquecer da ajuda da Qatar Airways é lógico.
Na seqüência resolvi parar no supermercado para comprar frutas e pão pra caminhada e o café do dia seguinte, péssima idéia, carregar sobre peso não é coisa boa nestas atividades. Mas o americano seguiu, até porque tinha que passar na Decatlon. A explicação que a pessoa do posto havia me dado meneei uma boa noção de onde era, mas a falta de sinalização e de pessoas na zona industrial por onde eu passava no final da cidade, me fizeram voltar um pouco para chegar a loja. O que importa é ter chegado e comprado os 2 bastões que via recomendações no mochileiros.com. Não achei o canivete, mas já me certifiquei que em Santiago tem uma loja e depois do ritual da queima em Finisterre pretendo fazer umas compras!
Saindo da loja segui na trilha que pensei ser a de bicicleta e, quando encontrei o alemão que vinha com sua cadela da Alemanha, fiquei despreocupado.  Passei por um lago, tirei fotos com meu tripé gorila que já estava ficando entediado e segui caminho até chegar ao destino final do dia!
Senti algo de estranho no meu pé direito perto do destino final (Navarrete - http://www.pueblos-espana.org/comunidad+riojana/la+rioja/navarrete/) e quando cheguei percebi que foi criada a primeira bola e em um ligar bem chato: a junção do pé com o dedo médio!
Carimbei o passaporte no albergue fui deixar as coisas no quarto, tomar banho, lavar as roupas e procurar um lugar para jantar na seqüência exata.
Tinha um restaurante chamado La Carioca que servia menu peregrino por 9 euros, mas não havia ninguém para receber e não gostei do aspecto, então fui pra um do hotel perto do albergue que custava 15 euros.
Chegando lá, encontrei o alemão e o americano, sentamos na mesma mesa e além de secarmos a garrafa de vinho do Menu, pedimos um aperitivo típico, parecido com Campari, porém um pouquinho melhor. Desse jeito, voltamos pro albergue pro já famoso toque de recolher.
Na seqüência fui dormir. A noite de sono foi ótima pois finalmente não dormi em beliche, pois as beliches balançam d+!


Enviado via iPhone por @paulogottardi

domingo, 17 de outubro de 2010

5º dia de caminhada - Estella a Los Arcos (e povoados)


12 de outubro
Acordei as 6:00, arrumei as coisas, tomei café e sai ainda às 7:15 em direção a Los Arcos com a intenção de seguir até Torres Del Rio. Na saída resolvi parar em frente a biblioteca para ver se a net pegava, mas já estava desligada, então segui a estrada!
No inicio do caminho havia uma fábrica de vinho com 2 fontes, uma para abastecer de água e outra de vinho, para a sorte do meu fígado a de vinho tinha acabado de secar por alguma razão, pois minha garrafa térmica estava pronta para ser abastecida.
Nesta fonte conheci mais um brasileiro, o Alexandre, que o Português havia comentado que estava na mesma cidade. Tirei algumas fotos na fonte e segui morro acima e, depois de andar quase 1 km, tive a percepção de que faltava algo... o meu tripé havia ficado na fonte! Lá fui eu correndo morro abaixo para pegar o mesmo... o pior foi subir tudo de novo!
Passei por grandes áreas de caça e plantações de uva, que mais se intensificavam (imagens da caminhada) quando íamos nos aproximando da Rioja (famosa pelos vinhos).
Saindo de Estella, a intenção era de dormir em Los Arcos, mas queria avançar mais e resolvi ir até o povoado que ficava a quase 7 kms depois, na entrada de Los Arcos. Estava com muita fome pois já eram 13:00 e somente havia tomado um café as 6:30. Achei um bar muito meia boca e resolvi deixar para comer na cidade. Grande erro... não achei nenhum bar aberto e minha água acabou!
O caminho para o próximo povoado, que estava em um horizonte longínquo, era de estradinhas no meio de vinhedos e terras aradas e minha fome foi me deixando cada vez mais cansado. Em certo momento, acabei pegando um pedacinho de cacho de uva para enganar a sede e a fome e, assim fui até o povoado, que era pequeno e muito bonito, com construções antigas e charmosas. Paguei 8 euros pelo albergue e mais 10 pelo menu peregrino, dei uma volta na cidade para fotos e tomei um vinho no bar antes do jantar.
No jantar estavam vários espanhóis, o americano que fazia o mesmo percurso que eu, um australiano e franceses, mas acho que eu era de longe o mais novo na mesa!
O jantar foi animado, mas logo fui dormir, porque no dia seguinte pretendia fazer mais de 30 kms, fora o desvio dentro da cidade de Logroño para comprar os bastões de trekking na Decatlon.


Enviado via iPhone por @paulogottardi

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

4º dia de caminhada - Puente de la Reina a Estella

11 de outubro
Pra variar um pouquinho fiquei por último no quarto, enrrolei o suficiente para dar uma recarregada no iPhone, passei um tempo conversando com um Basco que ficou no quarto, pois estaria na cidade mais um dia por cansaço. Assim que sai, o John estava esperando e juntos paramos em uma padaria para tomar um café com leite e comer um croissant. Em seguida, atravessamos a cidade em direção a Puente de La Reina. 


Ali tinha uma placa que explicava que, naquela ponte, ocorreram muitas batalhas dos espanhóis para conquistar o reino de Navarra (que, se não me engano, faz parte do país Basco, mas isso certamente checarei quando chegar em casa!).
Bem, na ponte resolvi ficar mais um tempo para tirar algumas fotos e o John seguiu em frente.
O dia estava ótimo para caminhada, o objetivo da programação prévia era chegar em Estella (veja quem mais passou por lá), mas eu queria avançar um pouco mais, porém o cansaço acumulado dos 2 últimos dias e a dica do Português de que em Estella existia um albergue Paroquial - que dava cama, jantar e almoço e somente recebia doações voluntárias - foram cruciais na idéia de parar em Estella mesmo.  Portanto por volta das 14:30 cheguei no albergue e fui um dos primeiros.
Tomei um banho, lavei roupas que estavam semi limpas (besteira) coloquei as havaianas e fui com com o Português e o americano dar uma volta na cidade. Paramos na biblioteca e descobri internet grátis. Enfim pude ligar para minha irmã e publicar algumas fotos no orkut e facebook. Eles não quiseram andar muito, mas eu queria bater fotos, portanto fui subir o morro da cidade (Le Puy - http://es.wikipedia.org/wiki/Estella), onde tinha uma catedral e uma vista panorâmica segundo dicas de sites que vi no Brasil.
Acho que não valeu a energia gasta, mas pelo menos valeu o passeio.
Voltei ao albergue e em seguida fui a igreja rezar um rosário e assistir a missa, em seguida tivemos o almoço no albegue onde pude interagir com outras pessoas que ali estavam.
Fiquei de cara como só se acha americanos gente fina neste caminho.  Tinha uma família californiana super simpática que estava sentada na minha frente. Uma das meninas falava português e já morou no Rio, foi muito bacana, pena que o toque de recolher é as 22:00... senão acho que ali rendia! (com fundo musical)
No final da janta pediram voluntários para lavar a louça e como fui um, ganhei um kit de medicamentos para peregrinos com: arnica para os pés, magnésio e algo pra garganta.
Tomei um pouco de vinho e fui dormir.


Enviado via iPhone por @paulogottardi

terça-feira, 12 de outubro de 2010

3º dia de caminhada - Pamplona a Ponte de la Reina

10 de outubro

Acordei por volta das 7 e fiquei enrolando porque sabia que as roupas que tinha lavado no dia anterior estavam úmidas ainda, na verdade ainda estavam encharcadas. Então coloquei a segunda pele e a parte de cima da calca/bermuda para enfrentar o trecho do dia na chuva.
Antes de sair, o experiente Português que já estava há 4 meses fazendo o caminho me deu um conselho:
"Aqui no caminho, você vai ver grupos de pessoas com motivações diferentes, algumas por esporte, algumas por lazer com os amigos e outras espiritualidade, portanto não deixe os grupos atrapalharem o seu objetivo, pois o caminho passa muito rápido e, como tem trilhas no mundo muito mais bonitas que esta e você veio sozinho de muito longe, acredito que sua motivação seja maior que esporte ou lazer."
Bem, depois de ouvir isso, sai por último do albergue com a alemã e o polonês. Eles já haviam tomado café e iriam ficar em Pamplona, que só estava a 5 km de distancia dali, mas mesmo assim, pararam para me esperar quando fui comer um sanduíche. Foi aí que presenciei a primeira grosseiria da viagem que espero ser a última...
Paramos num bar. Eu entrei e os 2 ficaram no lado de fora, o polonês sentado na cadeira externa do bar e a alemã de pé. Assim que tomei o café com leite, saí do bar comendo o sanduíche e fiquei conversando com eles de pé enquanto comia, foi então que saiu a atendente do bar (onde não tinha mais ninguém) saiu enfurecida em direção aos 2 dizendo em espanhol que se não fossem consumir nada era para sair, pois ali não era banco público. Apenas saímos, tristes pela atitude de uma pessoa pobre de espírito!
Seguindo, caminhamos até Pamplona, onde eles ficaram e eu entrei na parte da cidade que fica dentro da fortaleza para fotos.
Em seguida, parti em direção a Puente de La Reina (http://migre.me/1ylRU e http://migre.me/1ylT0 - mapa) que seria um fecho feito apenas no quarto dia.  Me perdi um pouco na saída da cidade por causa de uma obra da calçada, mas rapidamente entrei no caminho que levava ao Monte do Perdão (outros aventureiros no Monte do Perdão).  Para ter esse no vocês devem imaginar o que vem por aí!
De longe se avistava os grandes geradores de energia eólica como sentinelas olhando para a cidade e trabalhando a todo vapor, assim como a chuva que já ameaçava vir com a névoa que começava a encobrir o monte.
Caminhei um pouco por campos de plantações, até começar a subir o monte. A chuva só foi aumentando gradualmente até o cume, sendo este alcançado subindo por trilhas de lama bem escorregadia. Na metade da subida e durante toda a descida caminhei com o francês que estava no albergue, um senhor que ficou na vila depois do monte.
Eu segui, mesmo na chuva, todo encharcado, para o meu destino final sozinho. Lembrei que neste dia teria uma recomendação de desvio de 20 min para visitar uma igreja Românica que era uma das construções mais bonitas do caminho e infelizmente ou felizmente, com essa chuva, não achei o caminho e não havia ninguém nas ruas para perguntar.
Cheguei ao albergue por volta das 17:00 debaixo de muita chuva e, depois de pagar os 4 euros e deixar as coisas no quarto, fui tomar um banho e colocar as roupas para lavar.
"Arrumei" as coisas no quarto e fui lavar as roupas. Enquanto isso, encontrei com o Português e conversando com ele, chega o John vindo de algum lugar na cidade. Combinamos de ir ao restaurante que serve o menu peregrino e assim fomos, conversamos bastante e ali passei a admirar o americano quando perguntei se os filhos dele não ficavam preocupados com ele nestas aventuras. Ele me disse que não porque eles sabem que a diabete o está deixando cego e ele quer ver o máximo de coisas antes que isso aconteça!


Enviado via iPhone por @paulogottardi